Friday, November 24, 2006

Biocombustível para São paulo!!

Biocombustível Para os Ônibus em São Paulo

A Petrobrás assinou no mês passado, em São Paulo, um contrato de fornecimento de biocombustível para os ônibus urbanos da capital. O acordo foi fechado entre a Petrobrás Distribuidora e o consórcio Plus, representado pela B100 Participações e pela Viação Itaim Paulista, que tem maior frota de transporte coletivo e indústria de carroceria do país.

Num primeiro momento, cerca de dois mil ônibus que circulam na capital serão abastecidos com a mistura biocombustível B30, o que deve contribuir para a redução da poluição na cidade.

O B30 é uma mistura constituída por 30% de biodiesel, 8% de álcool e 62% de diesel, tendo como matérias-primas básicas óleos vegetais e cana-de-açúcar. O seu uso, ainda em caráter experimental, foi autorizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).

De acordo com o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, a expectativa é de que o biodiesel seja levado em breve para outros estados. “Nós temos esperança muito grande de que este seja o paradigma. São Paulo já é o paradigma para o resto do país na questão da utilização do combustível”, afirmou em entrevista aos jornalistas, antes de dar uma volta pelo Terminal de São Paulo num ônibus da Viação Itaim Paulista, movido pelo novo combustível.

Para Rondeau, trata-se de um combustível mais limpo. “Ele polui menos e melhora a qualidade de vida das pessoas que moram em centros urbanos muito densos, como é o caso de São Paulo”.


Retirada pela Fonte: Agência Brasil – Abr
Rogério Carvalho.

Tuesday, November 14, 2006

Biomassa

11/11/2006 - Entrevista com José Goldemberg no Globo Ecologia.


Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo


Professor José Goldemberg, secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo e Presidente do Conselho Consultivo do CENBIO.
Paulo Henrique Rodrigues
repórter do Globo Ecologia

Especialista em energia, o secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldemberg, reflete sobre o dilema energético brasileiro: evitar um outro “apagão” sem romper os limites ambientais. Nesta entrevista, ele aponta as energias limpas como alterntivas viáveis.

O ex-ministro foi entrevistado pelo Globo Ecologia. Além de trecho da entrevista com Goldemberg, o programa mostra a geração de energia a partir do gás metano emitido pelo Aterro Bandeirantes e a tecnologia desenvolvida por alunos do Programa Interunidades de Pós-Graduação em Energia da Universidade de São Paulo (PIPGE – USP) para transformar o biogás de estações de tratamento de esgoto em energia elétrica.

O Globo Ecologia sobre “Novas Energias” foi ao ar neste sábado, dia 11, às 7h*, na Rede Globo, e às 22h30min*, no Canal Futura.

Apagão

Uma das razões pelas quais o “apagão” atingiu São Paulo, em 2001, de uma maneira muito séria, é porque faltavam linhas de transmissão adequadas que trouxessem energia do Sul ou do Norte. Se essas linhas fossem instaladas a tempo, os efeitos aqui, em São Paulo, seriam menores. São Paulo não é independente na produção de energia elétrica.

Eu acredito que, se não forem construídas mais hidrelétricas no Brasil, nós vamos acabar tendo problemas. Essa idéia de concluir Angra 3 ou instalar reatores nucleares no Nordeste não é uma solução para o problema. Qualquer atividade na área nuclear vai levar oito, dez ou quinze anos. É uma coisa para o futuro. A solução agora é acelerar os projetos de energia hidrelétrica. E isso passa pelo rio Madeira. Os problemas no Rio madeira são controvertidos porque os projetos iniciais não tinham em conta os problemas ambientais. E isto tem que melhorar.

Aquecimento global

O Brasil é o quarto emissor de gases do efeito estufa (EUA, China e Indonésia lideram). Não por causa da sua matriz energética, não por causa da energia que ele consome. A origem é o desmatamento da Amazônia. O sistema industrial brasileiro, todas as atividades de comércio, indústria e serviço no Brasil, emite 80 milhões de toneladas de carbono por ano. E o desmatamento da Amazônia emite três vezes mais que isso. Este é o problema brasileiro no que se refere a gases de efeito estufa. E isso, realmente, precisa mudar. É preciso reduzir dramaticamente o desmatamento na Amazônia. Está ocorrendo uma certa redução, mas não é por ação estrutural. É porque a soja caiu de preço e, portanto, a expansão da fronteira agrícola está diminuindo. As reduções que estão ocorrendo são transitórias. Se o preço da soja subir no mercado internacional, vai aumentar o desmatamento.

Biocombustíveis

O álcool vem da cana-de-açúcar, que, de fato, é uma monocultura, cobrindo hoje, no Brasil todo, cerca de 5% da área que é usada para a agricultura. São apenas 5%. Existem outras monoculturas que ocupam áreas muito maiores. A soja também é uma monocultura e ocupa uma área muito maior. A plantação de café também. E a de laranja também. De modo que as pessoas se preocupam com o etanol e a cana-de-açúcar porque este tipo de cultura está em expansão. Mas a área ocupada pela cana de açúcar ainda não é significante. Não é algo que, realmente, pese muito na utilização de terra no Brasil. Mesmo a expansão que está ocorrendo no Estado de São Paulo, da cultura da cana, não cria problemas muito sérios em relação à biodiversidade, que é a grande preocupação das monoculturas.

Biodiesel

O biodiesel é feito a partir da soja, da mamona e de alguns outros produtos que crescem no Nordeste. É atraente porque geraria empregos no Nordeste. E o governo tem feito esforços neste sentido. Mas o esforço que o governo está fazendo vale mais como um programa de agricultura familiar do que de energia. A produção de biodiesel no Brasil é muito pequena ainda e existem sérias questões técnicas. Por exemplo, como coletar o óleo diesel produzido por milhares de produtores? Porque o biodiesel é produzido em pequenas unidades. O etanol, que é produzido em grandes fazendas cobertas de cana, tem o problema da monocultura. Mas, em compensação, é fácil de reunir o etanol e produzir grandes quantidades. No caso do biodiesel, ainda há um problema de logística, que vai acabar tornando o custo muito elevado. Os problemas não foram resolvidos ainda, apesar dos aspectos sociais positivos do programa. No fundo, este biocombustível vai ser como leite. Nas fazendas de Minas Gerais, cada uma produz 200 litros de leite, 500 litros de leite, um caminhão coleta a produção. Este tipo de esquema vai ter que ser montado para o biodiesel.

Biomassa

A biomassa está sendo utilizada no Brasil basicamente de duas maneiras, uma delas é usando o bagaço da cana-de-açúcar, a sobra da produção do álcool, para gerar eletricidade. E está indo muito bem. São programas que estão sendo adotados por, praticamente, todos os usineiros do Brasil, principalmente, os do Estado de São Paulo. E a produção de eletricidade do bagaço é uma energia renovável, na direção correta.

Outra forma de utilizar a biomassa no Brasil são os aterros sanitários. Cada brasileiro produz diariamente um quilo de lixo. A matéria orgânica emite gás metano, e metano é como se fosse gás de cozinha. É um excelente gás e ele pode ser queimado para gerar eletricidade. São dois exemplos que podem ser multiplicados em todo o país. Há aterros sanitários em todo lugar.

Energia solar

Há um projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo que está sendo discutido. Ele pode tornar obrigatória a instalação de coletores solares, que é a solução. A única maneira de introduzir coletores solares em grande escala é torná-los obrigatórios. Isso é o que foi feito em Israel. Alguém que vá a Israel fica impressionado pelo fato de todas as casas terem coletor solar. Por que uma casa não obtém licença da prefeitura se ela não tiver o coletor solar? Brasília e Belo Horizonte já têm muitos coletores.

Matriz energética

A produção de energia no Brasil é, em grande parte, renovável. Nossa eletricidade vem de usinas hidrelétricas, que não emitem gases de efeito estufa. É claro que usamos petróleo, que emite gases de efeito estufa, um problema sério, mas o Brasil, no caso de derivados de petróleo tem um grande programa, que é o etanol da cana-de-açúcar. É uma energia renovável. No total, a matriz energética brasileira é muito limpa.

É preciso investir mais em hidrelétricas, continuar o programa do álcool e começar a usar fontes energias renováveis como o gás metano emitido por aterros sanitários e estações de tratamento de esgoto.

Matéria reproduzida sobre a entrevista do Globo Ecologia
Rogerio Carvalho.

Saturday, November 04, 2006

Nosso futuro comum

Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

NOSSO FUTURO COMUM


DA TERRA AO MUNDO

Visão panorâmica da Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente Desenvolvimento

Na metade do século passado o ser humano deu um grande salto e pela primeira vez se viu no espaço e também pode notar que a Terra era um planeta frágil e totalmente dominado pela ação do homem. A tecnologia deu ao homem uma velocidade em criar e produzir, mas também a entender e estudar a Terra como um Macro organismo.
Esta comissão criada pela ONU acredita em um futuro mais próspero e este relatório não tem uma visão fatalista que norteia o planeta e sim numa nova era de crescimento econômico com a conservação e expansão dos recursos naturais.
Esta esperança esta ligada a uma ação política decisiva visando administraros recursos naturais assegurando o progresso da humanidade, não tendo uma visão futurista de prever e sim de informar sobre as necessidades de garantir os recursos para o sustento das próximas gerações.

O DESAFIO GLOBAL

1.1 Êxitos e Fracassos

Com o avanço da tecnologia e estudos o homem acumulou conhecimentos e trouxe benefícios e os sinais positivos são visíveis, como a queda da mortalidade infantil a expectativa de vida, a alfabetização de adultos no mundo e a produção global de alimentos.
Mas como tudo tem seu preço, este avanço trouxe tendências que o planeta e seus habitantes não podem suportar por muito tempo, o chamado desenvolvimento trouxe claramente em termos absolutos um aumento de famintos no mundo. O capitalismo nos deixou um fosso entre nações ricas e pobres, dando poucas expectativas que este quadro se inverta.
As transformações estão ocorrendo, modificando radicalmente o planeta, ameaçando as espécies de vida, incluindo a espécie humana.
Chuvas acidas, desertificações, terras inférteis para a produção agrícolas vêem crescendo, sem esperanças de recuperações. Os políticos e seus governos estão se conscientizando que não há a possibilidade de se separar o desenvolvimento econômico das questões ambientais.
A pobreza é uma das principais causas dos problemas ambientais no planeta, tais problemas levaram a ONU a criar em 1983 a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Esta comissão visa reexaminar as questões relativas ao meio ambiente e formular propostas para melhorias; propor novas alternativas de cooperações internacionais
e dar aos indivíduos, governos e instituições, compreensão necessária, incentivando-os a uma atuação mais firme e positiva.
Sendo uma Comissão independente ela acabou se concentrando em um tema fundamental: A tendência de desenvolvimento resulta num crescimento da pobreza e na vulnerabilidade, causando danos ao Meio Ambiente. Esta percepção causou uma nova visão sobre o chamado desenvolvimento ; Assim o desenvolvimento sustentável é um objetivo a ser alcançado por todos os Países.


1.2 As crises que se interligam

Já não faz tanto tempo assim, as atividades estavam , segundo nossa concepção dividida em setores com interesses diversos, atualmente este conceito foi disperso, dando lugar às chamadas crises.
Estas crises tornaram- se de interesses globais, pois não estão isoladas, tornando-se uma única crise. A forma crescente da economia fez a produção aumentar de forma assustadora nos últimos anos transformando a biosfera.
O crescimento trouxe uma aceleração do consumo dos recursos naturais da natureza, acredita-se que a nova tecnologia possibilitara a desaceleração da utilização dos recursos, pois os mesmos são finitos.
A preocupação deste novo milênio está centrada no impacto do desgaste ecológica, pois o global atinge diretamente o local, agora os ciclos localizados passam ao plano nacional e regional. A imigração por falta de recursos atualmente é um fato, e certamente o crescimento da área urbana esta há níveis assustadores.
Em Países em desenvolvimento as relações econômicas constituem em um problema para a administração do meio ambiente e a crise do sistema econômico torna-se global.
Nos Países em desenvolvimento que para pagar suas dividas dependem da venda de produtos primários para sobreviver, mesmos sabendo da difícil situação, Países em desenvolvimento ainda gastam com material bélico, armando seus exércitos.
Muitas formas de manter o chamado progresso humano são investimentos infrutíferos o qual as futuras gerações com certeza irão reclamar.


1.3 Desenvolvimento Sustentável.

O conceito de desenvolvimento sustentável tem limites, não absolutos, mas existentes.
A comissão entende que para haver um desenvolvimento sustentável tem de atender as necessidades básicas de todas as populações, aspirando uma vida melhor.
Para haver um equilíbrio é preciso que os ricos adotem um novo estilo de vida, visando os recursos ecológicos do planeta e também a condição do aumento da população que aumenta o fator de consumo.
O desenvolvimento sustentável tem de estar em sintonia com as necessidades atuais e futuras, dependendo de um empenho político.






1.4 As Lacunas Institucionais

É forte a relutância dos governos em aceitar as rápidas mudanças e as transformações a qual o meio ambiente ocorre.
Estes novos desafios são interdependentes, exigindo a participação popular, mas as responsáveis pela administração dos recursos naturais ,são desvinculadas das que administram a economia, tornando- se necessária à cooperação de instituições internacionais.
Um grande desafio é dos governos é fazer com que as instituições façam e reconheçam a deterioração do meio ambiente, e com isso tomem medidas cabíveis para evitar tal problema. Pressionados pelos cidadãos os governos criaram órgãos, ministérios ambientais, concentrando- se nos estragos já existentes e incapazes de cuidar dos problemas sozinhos.
Atualmente o desafio é que diversos ministérios assumam a responsabilidade pela suas decisões e dar mais poder aos órgãos ambientais.
Para se evitar é preciso prever os danos ambientais levando em conta vários aspectos, sendo um dos desafios institucionais deste novo milênio.


2 AS DIRETRIZES DE POLÍTICA

A atenção da comissão se concentrou em alguns itens por entender que elas se interligam entre si e não podem ser tratados isoladamente.


2.1 População e Recursos Humanos

Em várias partes do mundo a população vem crescendo mais do que os seus recursos naturais podem suportar, eliminando o problema generalizado do problema, garantindo um acesso justo aos recursos.
São necessárias medidas urgentes para conter o aumento populacional e também a educação para poderem planejar e escolher o tamanho de suas famílias.
Se o mundo partilhar conhecimento, haverá melhor entendimento para partilhar os recursos globais.
Os povos tribais trabalham melhor a questão do desenvolvimento sustentável, uma vez que lidam de forma mais intima e com respeito às questões ambientais.








2.2 Segurança Alimentar: manter o potencial

Um numero cada vez maior da população, não está tendo acesso à alimentação a produção mundial tem condições de alimentar a todos, mas não há alimento disponível onde é necessário.
Nos Países industrializados a alimentação tem sido subsidiada, há investimento na produção e na tecnologia para aumentar a oferta, o que já não acontece nos Países em desenvolvimento, falta de investimento na produção agrícola, precisando de incentivo mais eficazes para estimular a produção.
É preciso uma relação de troca para favorecer o pequeno agricultor, em suma a fome advem pela falta de poder aquisitivo da população.



2.3 Espécies e ecossistemas: recursos para o desenvolvimento

A base cientifica já alertou a humanidade sobre as espécies do planeta que estão correndo risco de desaparecerem, um número cada vez maior estão em extinção.
A diversidade das espécies se faz necessária para manter o equilíbrio do ecossistema e da biosfera, pois alem dos valores materiais, há também o valor ético, moral e cultural.
Os governos podem frear as destruições em massa e também desenvolve-las economicamente. O conjunto de áreas protegido deverá ser bem mais amplas, e os governos deveriam considerar a possibilidade de criar uma convenção das espécies, com princípios relativos aos recursos universais ou seja, um pensamento global.



2.4 Energia: opções para o meio ambiente e o desenvolvimento

Uma energia constante seria indispensável para o desenvolvimento sustentável, mas ainda é uma utopia e os Países em desenvolvimento consomem muito mais energia.
Uma nova era de crescimento econômico deve consumir menos energia que no passado, pois as aparelhagem modernas podem ser reformuladas para que caia o consumo, fornecendo o mesmo rendimento.
Após anos de pesquisa, a tecnologia do uso nuclear ampliou bastante, mas a natureza de seus riscos tornou-se mais evidentes.
Cabe apenas esperar que o mundo reformule alternativas para diminuir o consumo com base nas fontes renováveis, mas para atingirmos esta meta é nec essário um programa e investimentos em pesquisas. Sabe-se que na atualidade o mundo necessita de grandes mudanças e que tais mudanças devem ocorrer mediante pressões do mercado.
Uma estratégica mudança será evidente e imperativa, mas com certeza dependerá de empenho político.






2.5 Industria: com menos, produzir mais


A produção vem acelerando de forma assustadora, considerando o crescimento populacional a produção de manufaturados cresce progressivamente.
A tecnologia tem sido eficiente na função de custos, mantendo estável o uso da matéria prima e os Países em desenvolvimento não estão disponibilizando de recursos nem de tempo pois a tecnologia se transforma com muita rapidez.
As novas tecnologias prometem maior produtividade e menor poluição e o controle de rejeitos tendem a ser mais rigorosos.



2.6 O desafio urbano


O mundo do século XXI será de predominantemente urbano, e os Países em desenvolvimento precisam aumentar suas capacidades de proporcionar infra-estrutura, serviços para manter as condições atuais que já estão precárias.
Poucos governos dispõem de recursos necessários para uma boa qualidade de vida, e o resultado é a proliferação de assentamentos ilegais, populações em crescimento e um aumento de doenças.
Os governos terão de formular o processo de urbanização, desafogar as grandes metrópoles, integrando-as as cidades interioranas, descentralizando a administração dos recursos. O envolvimento das populações e das comunidades será de vital importância para o êxito deste desafio.



3. COOPERAÇÃO INTERNACIONAL E REFORMA DAS INSTITUIÇÕES


3.1 O papel da economia internacional

Para se estabilizar a economia é necessária uma maior responsabilidade do banco mundial , já que este constitui no principal canal financeiro multilateral.
A divida dos Países em desenvolvimento, não coaduna com o desenvolvimento sustentável, sendo obrigados a recorrer a excedentes comerciais para pagar só serviços de suas dividas, explorando em excesso seus recursos naturais.
É necessário um aperfeiçoamento nos acordos dos serviços básicos e também um serviço diversificado de produtos. As empresas multinacionais são de vital importância para o desenvolvimento sustentável, pois os Países em desenvolvimento ac abam por depender economicamente do capital social destas empresas.





3.2 Administrando os bens comuns

As formas tradicionais de administração, conflitam com os bens comuns do globo, os oceanos estão sendo explorados de forma desordenada, assim como a órbita do planeta.
A comunidade internacional deveria por em prática e elaborar um regime especial de controle espacial e outro ponto importante é a Antártida que é submetida a um tratado desde 1959, mas muitas nações não participam de suas explorações e estudos.



3.3 Paz, segurança., desenvolvimento e o meio ambiente


O eminente perigo da guerra nuclear hoje se tornou um fato, não há limites para a insegurança do ponto de vista ambiental. O que se pode fazer é melhorara as relações entre as grandes potencias, uma vez que ainda na atualidade se faz mais testes nucleares do que outrora.
É preciso brecar os testes que se coloca como uma potente arma que ainda provoca a destruição em massa.


3.4 Mudança institucional e legal

As principais propostas estão contidas em seis áreas prioritárias, o qual a comissão sobre o meio ambiente coloca em seu relatório em especial no capítulo 12, com recomendações especificas.


3.4.1 Chegando às fontes


Esta chegando o momento das nações se responsabilizarem por programas que apóiem o desenvolvimento sustentável, devendo apoiar e cooperar os organismos internacionais bem como constituir núcleos dentro da ONU .


3.4.2 Lidando com as fontes


As nações devem criar e capacitar suas instituições de proteção ao meio ambiente, porém os Países em desenvolvimento precisarão de assistência e de administração de recursos.
O PNUMA já que é a principal fonte de dados sobre o meio ambiente.




3.4.3 Avaliando os riscos globais

A capacidade de se identificar os riscos globais devem ser ampliados e o0s governos são os principais responsáveis e o programa de vigilância do PNUMA é o principal sistema de avaliação de riscos da ONU.


3.4.4 Fazendo as opções conscientes


As opções necessárias deverão ter a opinião do público bem informado das Ong’s , industrias e da comunidade científica. Suas participações e funções nos planejamentos são de suma importância.


3.4.5 Providenciando os meios legais


O impacto acelerado sobre o meio ambiente, defasa o direito nacional e a tomada de decisões, por isso os governos devem preencher esta lacuna e buscar melhorias para proteger as futuras gerações a declaração universal sobre o meio ambiente visa aperfeiçoar os mecanismos de defesa e solucionar as questões relativas ao assunto.


3.4.6 Investindo em nosso futuro


Muito se investiu para demonstrar a eficiência na luta contra a poluição do meio ambiente, pois o prejuízo é claro e crescente. O banco mundial está incluindo os financiamentos sobre o meio ambiente, se comprometendo com o desenvolvimento sustentável.


4. APELO Á AÇÃO

A relação entre o homem e o meio ambiente vem se transformando ao longo dos anos, estas mudanças inesperadas vem suplantando os conhecimentos científicos.
E o mais preocupante é que este problema não se reduz a um único País somente.
Países em desenvolvimento e suas ações são duramente castigadas as extinções de vidas acarretam um grau de desequilíbrio na natureza. Os Países industrializados lançam produtos tóxicos na atmosfera que reagem em contato com a camada de ozônio.
É fato que devemos romper com o passado e a estabilidade deve ser buscada com as mudanças. A Comissão sobre o Meio Ambiente relacionou uma série de ações para minimizar os impactos sobre a natureza, sempre baseada nas instituições atuais para que as futuras gerações possam desfrutar de um mundo melhor.

Referência:


COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO

Comissão:
Presidente : Gro Harlem Brundtland (Noruega)
Vice Presidente: Mansour Khalid (Sudão)

Texto: NOSSO FUTURO COMUM
Editora da Fundação Getulio Vargas – FGV
Rio de Janeiro, RJ – 1991.
2 Edição – pg 01 a 26.




Comentários:

O referido texto serve como suporte para nortear e abrir o tema em questão, pois os pontos abordados são de interesse geral. Os autores abordam os diversos temas de modo muito simplista, colocando os problemas globais, em sua maioria , única e exclusiva dos Países em desenvolvimento.
Os grandes vilões da história, são os problemas econômicos, fruto do capitalismo e também os Países já industrializados que consomem os produtos manufaturados dos Países em desenvolvimento. Certamente a superpopulação e a condição de vida dos Países subdesenvolvidos, torna-se um problema nos tantos já descritos e cientes no âmbito global.
A elite dominante do planeta não esta interessada de certa forma em resolver os diversos problemas que acarretam e prejudicam o meio ambiente. O modelo econômico vigente, certamente não resolverá o problema da questão ambiental global, pois os interesses estão sempre voltados a se adquirir de maneira sistemática e compulsiva. Devemos com certeza
rever nossa postura diante do modo de vida empregado no cotidiano. Certamente o consumo permanecerá, mas já esta sendo dado o recado que os níveis de degradação estão insustentáveis no quadro mundial e o pior é que a degradação não escolhe , entre ricos e pobres, unificando os problemas em uma única existência.
È o que posso chamar de lei de causas e efeito, o que eu faço neste exato momento vai refletir no futuro.

Politica Ambiental no Brasil

Resumo sobre a politica ambiental no Brasil em sua formação


Síntese do Texto:

Existe uma deficiência dramática no forma em que tratamos a natureza, com diferenças políticas e sociais extremas.
Os conceitos de equilíbrio e capacidade de sustentação são fundamentais para entender a situação ambiental no Brasil. Para se e tender a escassez de recursos, deve-se também tentar entender o processo social através dela. Esta desordem ecológica tem sido relacionada ao uso dos recursos naturais sem precedentes na história ao longo dos tempos.
O limite de reivindicação não deve ter como base à idéia de equilíbrio e sim a noção de capacidade de sustentação.
As atividades humanas tendem a simplificar o ecossistema e sua atividade e uma consciência ecológica conduz ao reconhecimento de que toda a atividade humana conduz a um custo ecológico a ela vinculado.
- As dimensões da desordem ecológica na realidade Brasileira.
O pensamento Brasileiro através de três dimensões da desordem ecológica:
1) Hierarquia
2) Paternalismo
3) Repressão e Autoritarismo.

O Primeiro refere-se ao processo da formação social no Brasil, sendo também extremamente formalista com regras e regulamentos mais importantes que fatos que conduz à prática clientelistas.
A hierarquia da igreja e burocracia estatal são predominantes mesmo com domínio militar e a presença do patrimonialismo no desenvolvimento político Brasileiro no controle social, permanecendo acima das classes sociais.
O Brasil transformou-se de uma sociedade agrária e mercantil dos tempos coloniais em uma das mais avançadas sociedades industriais e capitalistas do terceiro mundo, mas sua formação social dificilmente perderá sua casta patrimonial, reforçando sua característica autoritária, resultando numa sociedade onde prima à distribuição de privilégios.
O regime militar instalado no Brasil depois de 1964 representa uma aliança da burguesia financeira e industrial com interesses multinacionais e o que tornou isso possível foi à existência de uma tecnocracia tanta civil como militar.

Os Posicionamentos do Governo Brasileiro diante da questão ambiental
O governo Brasileiro tem seu ponto de partida nas questões ambientais na conferencia das nações unidas sobre meio ambiente em Estocolmo 1972.
A acelerada industrialização e urbanização somada com o nível crescente da população aliada ao rápido esgotamento dos recursos naturais causavam um desconforto nos países desenvolvidos.
Os posicionamentos do governo Brasileiros foram bastante claros, defendendo que o crescimento econômico não deveria ser sacrificado em nome de um ambiente mais puro. Reconhecendo a ameaça da poluição ambiental, sugerindo que os países desenvolvidos deveriam pagar pelos esforços dessa purificação.
A soberania nacional não poderia ser sujeitada em nome de “Interesses ambientais mal definidos”.
O político burocrático relacionado às políticas ambientais pode ser abordado através da analise da secretária especial de meio ambiente (SEMA) e sua criação em 1971.
O SEMA foi à resposta a uma situação emergencial, vindo a criar mais tarde um efeito duradouro em seu propósito. Nesse contexto a questão crucial se transforma em como administrar bem os conflitos, dificultando a maneira pela qual se inicia a cooperação entre os indivíduos de uma espécie.
O rápido crescimento econômico tem prioridade sobre a conservação, o conflito criado em torno da qualidade ambiental pode ser delineado na formação de duas dimensões de condutas.
Investindo em politização de carências Transformando-as através de ação mobilizatórias, com possibilidades objetivas de reprodução da vida coletiva.
Em outro sentido, deliberadamente ou não se investiu na politização de um estigma do grande poluidor devastador, estampado no imaginário político da década, sendo incorporado no discurso político do estado. A visão positivista militar desintegrou-se no próprio seio das forças armadas, havendo uma socialização dos ônus, dos prejuízos e a privatização dos lucros advindos desse processo desencadeado antes de 1964.
Atualmente a escola superior de guerra recomenda que se tratem as
Organizações não governamentais ambientalistas com objetivos nacionais estratégicos. Nessa perspectiva, as entidades ambientalistas são tão perigosos quanto os grupos de narcotraficantes e como tal devem ser convertidas em alvos de guerras(ESG1990).
Depois de enfrentar um primeiro momento de perplexidade, talvez pressionado pela conferência mundial do meio ambiente 1992, fez uma difícil constatação, a sociedade civil esta entendendo a duras penas as contradições entre o oficial e o “oficialesco”.

Referência: In Ferreira L e Vila E (org).Incertezas da Sustentabilidade na Globalização.
Campinas: Editora Unicamp; 1996. Pg.77 a 87.

Comentários: O texto retrata com muita propriedade a evolução das questões ambientais no Brasil, aliada ao processo Socioeconômico e a elite dominante.
Sendo abordada a questão da transformação sem perder a condução colocando o posicionamento do Brasil no cenário mundial de uma forma bem clara.

Saturday, October 07, 2006

Eficiência energética!

Sobre eficiência energética!

A preocupação com a eficiência energética surgiu com a crise mundial do petróleo em 1974. Desde então, a necessidade de redução da dependência do petróleo foi gradualmente dando espaço ao conceito da diminuição do consumo. Chamado de Negawatt, esse termo refere-se à energia que não precisa ser gerada agora, evitando-se investimentos na construção de novas usinas. Assim, se ganha tempo para decisões mais maduras a esse respeito.É possível economizar muita energia substituindo-se máquinas e equipamentos antiquados por outros mais modernos, que consumam menos eletricidade ou diesel. Além disso, uma pequena mudança de hábitos pode resultar em grandes reduções nos gastos de energia e nas contas mensais de luz e de gasolina.A redução das perdas que ocorrem entre a geração nas usinas, a transmissão nos linhões e a distribuição nas redes das cidades também poderiam adiar a necessidade de construção de vários empreendimentos por muitos anos. A repotenciação, por exemplo – que é a troca das velhas turbinas das hidrelétricas mais antigas por outras mais modernas e de melhor rendimento, utilizando a mesma barragem já construída e sem causar novos danos ambientais e sociais – poderia gerar mais eletricidade, com muito pouco investimento.De sua parte, procure conhecer o consumo de energia de um eletrodoméstico antes de adquiri-lo. Desligue da tomada os aparelhos que não estiverem sendo usados. Apague as luzes ao sair de um cômodo. Evite ao máximo o uso de chuveiros e torneiras elétricos. Planeje suas viagens para evitar deslocamentos desnecessários.

Saturday, September 23, 2006

Energia Alternativa I

ENERGIA ALTERNATIVA.

Proveniente de matérias encontradas em abundância em todo o País, a biomassa é uma fonte limpa de energia, que não polui e não se esgota. Ao contrário, a energia obtida a partir da biomassa reduz a poluição ambiental, pois utiliza lixo orgânico, estrume de gado, restos agrícolas, aparas de madeira ou óleos vegetais. A Agência Internacional de Energia calcula que, dentro de 20 anos, cerca de 30% de toda a energia consumida no mundo será proveniente de biomassa.De maneira geral, a produção de energia a partir de biomassa requer uma área significativamente menor do que aquela exigida para a construção de uma usina hidrelétrica, por exemplo. Além disso, incentiva atividades econômicas locais, como a agroindústria, reduzindo custos, fixando as comunidades em suas áreas de origem e possibilitando o acesso de comunidades isoladas à eletricidade.Várias comunidades na Amazônia já geram energia a partir da queima controlada dos restos de madeira, em suas pequenas serrarias. De cada árvore serrada, quase 50% era perdido em forma de serragem, lascas ou aparas das cascas, antes abandonados ao apodrecimento. Hoje, essas comunidades suprem suas necessidades energéticas com a queima controlada desse material.Por sua vez, a casca de arroz deixou de ser um problema ambiental para a indústria de beneficiamento gaúcha e virou um insumo gerador de energia. O subproduto da queima da casca de arroz pode, ainda, ser recuperado como matéria-prima para as indústrias eletrônicas, de cerâmica e de vidro. Já o bagaço da cana-de-açúcar, considerado um estorvo até há pouco tempo, hoje é queimado de modo controlado, produzindo calor para a destilação do álcool e vapor para a geração de eletricidade.
(modelos alternativos de energia)

Thursday, September 14, 2006

Qual a definição de meio Ambiente?

O meio ambiente, não é formado apenas pela fauna e flora, àgua, solo e ar como era tradicionalmente definido.
As atividades atuais dos seres humanos sobre a Terra, produzem influências, que a sua cultura faz parte da definição de meio ambiente. Diversos danos ambientais são causados por decisões politicas e econômicas erradas. Assim para serem compreendidas, as questões ambientais não podem ficar restritas à ecologia.Faz-se necessário considerar os aspectos sociais, econômicos, políticos, culturais para que se tenha uma visão global dos problemas contemporâneos e das suas alternativas de soluções.
Vivemos em constante interação evolucionária, somando os fatores abióticos (àgua, solo, ar, energia etc.), fatores bióticos (flora, fauna) e a cultura humana (Seus paradigmas, valores filosoficos, politicos, morais, cientificos, artisticos, soiais, econômicos, religiosos, e outros).
Esta somatória podemos começar a associar-se ao que chamamos do meio ambiente.

Sunday, September 03, 2006

Sobre o Terceiro Setor !!

Termo de Parceria, ONGs, OSCIP e as políticas públicas.

Por Dra. Tânia Mara Avino.



Eduardo Viola, Doutor em Ciência Política pela USP, professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina, autor de diversos textos sobre Meio Ambiente, fala em seu artigo: “O Movimento Ecológico no Brasil (1974-1986): Do ambientalismo à ecopolítica, o seguinte”:

’’Quatro décadas de crescimento econômico acelerado no Brasil trouxeram uma profunda degradação ambiental, talvez a mais intensa e acelerada que aconteceu na história do industrialismo. Quase paralelamente ao 1º mundo, ainda que numa escala muito menor, desenvolveram-se no Brasil os movimentos ecológicos. Podemos situar seu início em 1974, ano em que se inicia a política de distensão do presidente Geisel, com o conseqüente afrouxamento dos controles estatais sobre a organização da sociedade civil. O Brasil é o país da América Latina em que os movimentos ecológicos nascem mais cedo e adquirem uma relevância maior até o momento. Nossa hipótese é que podemos diferenciar três períodos na história do movimento ecológico no Brasil. Uma primeira fase que chamamos de ambientalista, desde 1974 até 1981, caracterizada pela existência de dois movimentos paralelos auto identificados como apolíticos: os movimentos de denúncia de degradação ambiental nas cidades e as comunidades alternativas rurais. Uma segunda fase que chamamos de transição, desde 1982 até 1985, caracterizada pela confluência parcial e politização explícita progressiva dos dois movimentos acima assinalados, além de uma grande expansão quantitativa e qualitativa de ambos. Uma terceira fase, que chamamos de opção ecopolítica, começa em 1986, quando a grande maioria do movimento ecológico autoidentifica-se como político e decide participar ativamente na arena parlamentar...”


Nesse contexto é que surgem como meio de solucionar o problema das políticas públicas a atuação da população coordenada em movimentos, principalmente na área ambiental.

O Terceiro Setor surge como portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e, se possível, a superação da pobreza. Uma promessa realizada através de atos simples e fórmulas antigas, como o voluntariado e filantropia, revestidas de uma roupagem mais empresarial.

As organizações que compõem o Terceiro Setor evidentemente não são novas. Têm-se no Brasil, como exemplos tradicionais deste setor, as Santas Casas de Misericórdia e as obras sociais, e, como representantes mais recentes, as organizações não-governamentais resultantes dos novos movimentos sociais que emergem a partir dos anos setenta. Talvez seja nova a forma de olhá-las como componentes de um "setor" que pleiteia igualdade em relação ao Estado e ao Mercado. Um fato interessante e normalmente despercebido é que, no Brasil, o Terceiro Setor busca seu lugar ao sol ao mesmo tempo em que é proposta a parceria intersetorial que obscurece os limites entre os três setores. O terceiro setor nasce, aqui, sob o signo da parceria.
Vários atores contribuíram para trazer à tona este terceiro setor e formar um retrato positivo do seu papel, como um setor capaz de fazer frente aos problemas sociais mais prementes do país. Ao mesmo tempo, ajudaram a formar uma imagem que difere tanto da tradição do terceiro setor americano e da realidade de outros países do "Norte" - freqüentemente usados em comparações - quanto das origens das organizações tradicionais que formaram, no Brasil, este setor. Mais do que as próprias organizações sem fins lucrativos brasileiras, foram as entidades multilaterais, com destaque para o Banco Mundial, as empresas privadas e o Governo Federal que moldaram esta promessa.
Um importante componente do terceiro setor brasileiro, as entidades que se identificam como organizações não-governamentais foram as primeiras a se organizar coletivamente e a apresentar sua identidade e seus valores comuns à sociedade, baseadas na negação do assistencialismo e promoção da defesa de direitos. Entretanto, a conformação que o terceiro setor adquiriu e as expectativas que foram desenvolvidas sobre este setor quanto ao seu papel na sociedade não foram aquelas que as Ongs advogavam. De fato, foi à revelia e com a oposição das Ongs brasileiras que se construiu o espaço chamado terceiro setor. Uma afirmação de Silvio Caccia Bava, então presidente da ABONG (Associação Brasileira das Organizações Não-Governamentais), indica esta posição:
"Nós não nos reconhecemos como parte do Terceiro Setor. Não achamos que esse modelo teórico contempla quem nós somos e o que fazemos".
Tampouco foi a identidade das tradicionais "filantrópicas", ou mesmo as associações comunitárias e de base que deu o tom deste recém-descoberto setor. Mais problemática, ainda, é a atribuição do fenômeno, genericamente, à "sociedade civil". A construção do terceiro setor brasileiro pode-se afirmar com segurança, deu-se de fora para dentro: de fora do país e de fora do setor para dentro dele.



Entidades internacionais e multilaterais foram as grandes introdutoras do conceito e as responsáveis pela valorização do terceiro setor em todo o mundo subdesenvolvido. Algumas fundações e instituições norte-americanas e européias, como a Fundação Ford, vinham apoiando havia décadas, em particular durante os anos do regime militar, iniciativas cujo objetivo era fortalecer a democracia através da participação popular. Uma forma comum de fazer isto era através do apoio a projetos de organizações comunitárias e movimentos populares, principalmente junto a populações carentes. Foram as grandes fundações, Igrejas e mesmo entidades governamentais de países capitalistas desenvolvidos que, desde o fim da década de oitenta, passaram a investir maciçamente na (re)construção das sociedades civis dos países do desmoronado bloco soviético.


Nos anos noventa, outra fundação americana privada, a Fundação W. K. Kellogg, veio a assumir uma posição que pode ser caracterizada como um mecenato do terceiro setor: em praticamente toda a América Latina e outras partes do mundo em desenvolvimento, projetos pioneiros voltados para o "fortalecimento da sociedade civil", para o estudo do terceiro setor e para temas como o desenvolvimento da filantropia e voluntariado contaram com o apoio financeiro maciço desta instituição.


O Banco Mundial é, sem dúvida, a instituição internacional que mais contribuiu para a consolidação e disseminação deste campo no mundo em desenvolvimento. A colaboração operacional com Ongs (para o Banco Mundial, terceiro setor é sinônimo de non-governmental organization sector) nas atividades do Banco tornou-se mais comum a partir da década de setenta e, deste momento em diante, experimentou rápida expansão. Entre 73 e 88, apenas 6% dos projetos envolviam colaboração de Ongs. Em 93, um terço e, em 94, a cifra alcançou os 50% . Desde 1983, existe um Comitê ONG - Banco Mundial. Para o Banco, o interesse em trabalhar com Ongs decorre da sua constatação de que estas organizações podem contribuir para a qualidade, sustentabilidade e efetividade dos projetos que financia. O Banco Mundial acredita que o trabalho em parceria com Ongs permite incorporar em seus projetos as vantagens características destas organizações: a inovação, devido à escala pequena dos projetos, a incorporação da multiplicidade de alternativas e opiniões diversas; a participação de populações locais e a consulta à população beneficiária; a melhor compreensão dos objetivos dos projetos pela sociedade; o alcance ampliado da ação, atingindo a quem mais precisa e finalmente; a sustentabilidade, ou continuidade de projetos após a retirada do Banco.


Criou-se no âmbito do Governo Federal uma relação com as organizações da sociedade civil tendo como principais eixos dois programas: O Programa Comunidade Solidária, e, por outro lado, o programa de reforma administrativa, que propôs um mecanismo de "publicização" e criação de organizações sociais. Através de legislação específica viabilizaram-se esses programas.
Surgem as Organizações Sociais com nova roupagem: as OSCISP – Organização da Sociedade de Interesse Público.

Esse é o chamado Terceiro Setor porque engloba instituições com fins públicos, porém não se enquadram no Primeiro Setor (Estado). São regidas pelo direito público não sendo qualificadas como instituições do Segundo Setor do denominado espaço público não estatal.

Nesse Terceiro Setor encontramos as Ongs, associações, fundações, entidades de assistência social, educação, saúde, esporte, meio ambiente, cultura, ciência e tecnologia, entre outras várias organizações da sociedade civil.
Onde está sendo o crescimento mundial do Terceiro Setor. Entretanto, há uma certa dificuldade no dimensionamento do verdadeiro potencial das organizações da sociedade de coerência em informações como cifras, número de instituições, quantidade de remunerados e voluntários, que nos levam a duvidar de alguns dados.

Mesmo com o grande crescimento, o Brasil ainda apresenta números bem inferiores aos de países da Europa ou América do Norte. Nos Estados Unidos estima-se um movimento anual de 600 bilhões de dólares e milhões de trabalhadores remunerados, além de inúmeros voluntários. Em países como Itália, França e Alemanha, as instituições sem fins lucrativos atingem mais de 3% do PIB nacional.

Com o crescimento constante do setor e valorização das entidades que buscam fins públicos, dentro dos vários segmentos da sociedade, surgiu a Lei 4690/98 de 28/07/98 que mais tarde deu origem à Lei 9790 de 23/03/1999 que dá qualificação de entidades como Organizações da Sociedade Civil de Interesse regulamentada através do Decreto 3.100 de 30/06/1999. A novidade é que essas entidades podem firmar Termos de Parceria com órgãos públicos, desde que cumpram os rigorosos requisitos do Ministério da Justiça e dê publicidade à sua movimentação financeira.


Para melhor entendimento passamos a diferenciar cada uma dessas entidades, do Terceiro Setor, a saber:

ONG’s – Organização Não Governamental - São pessoas ou grupos que visam colaborar na solução de problemas da comunidade, como mobilizações, educação, conscientização e organização de serviços e atendimento de suas necessidades. Toda Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos é uma ONG.

As Sociedades, outra forma de organização, agora de duas ou mais pessoas, se diferencia, pois por meio de contrato podem obter lucro. É também identificada como organização do Terceiro Setor. Já os Clubes denominação dada a associações de fins culturais, recreativos e desportivos, tem fins lucrativos e pertence ao Segundo Setor. Temos também as Associações, como por exemplo a Associação Comercial de São Paulo que forma uma entidade sem fins lucrativos e agrega interesse de uma classe. As Ligas, outro tipo de associação de indivíduos, não possui fins lucrativos. Como exemplo temos a Liga das Senhoras Católicas, ou temos a Rede, semelhante à Liga. É uma entidade com objetivos comuns e como exemplo temos a Rede Feminina de Combate ao Câncer.
Já as Fundações são entidades sem fins lucrativos que se formam a partir da constituição de um patrimônio que vai servir a fins públicos. Exemplo: Fundação Roberto Marinho. Existem também os Institutos que atuam em diversas áreas e tem regime particular, podendo pertencer ao Primeiro Setor (público) ou Terceiro Setor.

Como o Terceiro Setor abrange ações públicas que saem do domínio estatal e passam a ser encampadas por organizações da sociedade civil, inicia-se o surgimento da intervenção da iniciativa privada com fins públicos. O objetivo é combater os grandes problemas do mundo atual, como a violência, miséria, poluição, etc.... São instituições com representatividade sendo legítimas representantes dos interesses da população.

Não obstante a grandeza do trabalho, surge a meu ver um problema: sendo tantas as Organizações Sociais, como visto nos demonstrativos apresentados pelo Ministério da Justiça com relação ao registro das OSCIPS (desde 1999 foram 2.356 requerimentos, sendo 1488 deferidos e 868 indeferidos), é de se perguntar : quem sustenta essas organizações?

Wednesday, August 30, 2006

Limites do Desenvolvimento Sustentável

Apresento aqui uma interessante resenha o qual eu à realizei tendo como base o livro com
o tema: LIMITES DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.


Capítulo 1 – A ORIGEM DO UNIVERSO E DA VIDA NA PERSPECTIVA DA ATUAL CRISE AMBIENTAL.

Os estudos da origem do planeta deram um salto substancial nos últimos anos por conta do avanço da tecnologia, sobre a revolução da ciência e principalmente sobre a visão diferenciada da discussão sobre a origem do universo e os elementos que deram inicio a vida na terra.
O autor ao longo do tema proposto pretende mostrar certas implicações sobre a teoria do big-bang, com a explosão e a expansão das partículas (matérias), passando por bilhões de anos e a crença relacionada à origem divina do universo.
Diversas são as idéias que derivam a teoria do big-bang para a criação do universo e a vida na terra como exclusividade, baseado nos estudos de outros planetas e a falta de elementos necessários para as condições básicas de vidas.
O chamado redescobrimento da terra tem um princípio nos anos 60, como resultado de viagens interplanetárias e suas investigações. Os primeiros seres vivos (bactérias) exploraram novos recursos, gerando uma diversidade muito grande na terra, devido à transformação da atmosfera.
A modificação do clima na terra tem como fator importante às extinções em massa, como e esfriamento da terra por uma densa nuvem de pó, mas a capacidade de se regenerar para a criação de novos seres é surpreendente.

Capítulo 2 - AS TÊNDENCIAS DA EVOLUÇÃO DOS SERES VIVOS.

A questão da crise ambiental aprece como um desequilíbrio entre as espécies e sua adaptação, como prova a teoria da evolução, só os mais fortes sobrevivem, pois os frágeis caem pelo caminho, favorecendo uma minoria. Na concepção de equilíbrio se dá quando a espécie esta adaptada.
No caso do ser humano não basta aceitar a inter-relação, no caso de como todos nascem iguais, pois o potencial de riqueza acumulada é diferente, gerando um desequilíbrio devido ao patrimônio diferenciado.

No papel fenótipo da evolução, Darwin teoriza sobre a seleção natural e a mudança evolutiva aliada à adaptação ao meio, Mendel contemporâneo de Darwin foi o descobridor da lei da herança genética, permitindo elementos distinguíveis.
Segundo a teoria sintética a única teoria evolutiva é a genética, nos anos 60 autores como Waddington tem uma visão critica sobre a evolução, ressaltando que a fenogenética não nega a genética na evolução, mas cria uma inter-relação entre o genótipo e o meio ambiente.
O organismo sobre seu ambientes faz com que os ambientes sejam modificados por eles.

Capítulo – 3 AS BASES DO COMPORTAMENTO HUMANO E O AMBIENTE

Tornou-se rotineiro culpar o ser humano pela degradação do meio ambiente, devido sua cultura herdada ao longo dos tempos o ser humano se diferencia dos demais seres vivos.
A própria transformação do meio é desigual, pois os mais evoluídos desenvolvem funções novas, gerando mobilidade especial, libertando de certa forma do meio ambiente, com energia mecânica e a necessidade de alimentação e produção de energia em busca de outros elementos, tornando-se um desafio na espécie.
Argumenta-se que os hominídeos mais primitivos conhecidos remontam a 3,5 milhões de anos com sua postura erguida, se locomovendo com os pés e sua nova postura foi o passo decisivo para transformação de todo o organismo e o processo da fala remonta de várias hipóteses.
Os objetos úteis para a apropriação de alimentos não são um privilégio só dos seres humanos, outros animais se destacam no uso de instrumentos a fim de se alimentarem.
A diferença está no uso de instrumentos por animais e seres humanos, que no nosso caso alia-se às relações sociais e de produção, no caso herança social (cultura).
A distinção nos conduz às relações sócias e o requisito é que existam coisas que se herdam de uma geração para outra.


Capítulo - 4 A TECNOLOGIA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O COMPORTAMENTO HUMANO EM FACE DE SEU AMBIENTE.

O autor destaca sobre a degradação ambiental e a responsabilidade humana em três níveis, sendo as relações com o mundo abiótico, com outros seres vivos e com seus congêneres, ou seja, consigo mesmo. As relações técnicas referem-se às relações do mundo abiótico e dos outros seres vivos, enquanto denomina-se as relações sócias, o convívio com sua espécie.
O processo de produção constitui no conjunto das relações técnicas e sociais, por essa razão a acumulação de informação de maneira crescente. O ser humano cria as sociedades dentro dos limites impostos pelas sociedades passadas e seus limites técnicos e sociais, criando classes sociais, instituindo formas concretas de produção.
O ser humano não pode utilizar as relações técnicas de forma arbitrária, transformando seu ambiente externo, descobrindo funções novas para coisas existentes.
O homem é o único que usa instrumentos para fabricar instrumentos, o trabalho combinado no uso de instrumentos com determinada atividade, ou seja, o homem desenvolve o que o autor chama de tridimensionalidade do tempo, utilizando instrumentos produzidos no passado para desenvolver atividades no presente, tendo como propósito o uso do produto no futuro, por sua vez a diferença entre presente e futuro não faz sentida a produção imediata de um determinado produto, há não ser pelo consumo.
Já outros seres vivos assumem a necessidade imediata assumindo a natureza em sua plenitude à não ser por necessidade utiliza-se de recursos naturais.
O processo de atividade acumulativa não só transforma a natureza como também desenvolve o sujeito adicionando novas habilidades e conhecimentos, permitindo a socialização do homem, estendendo sua própria vida.
Segundo o autor o processo de objetivação esta centrada no uso crescente e imediato do objeto de trabalho, diversificação da biodiversidade a fim de satisfazer as necessidades do homem e os conhecimentos e uso das leis da natureza.
Foladori cita Marx, relatando que a produção de material não pode ser concebida separadamente das relações sociais, dirigindo como ele mesmo cita em “categorias chaves”, na alienação das funções do capitalismo.


Capítulo 5 - O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A QUESTÃO DOS LIMITES FÍSICOS.

A humanidade tem consciência que está destruindo o sistema funcional do planeta e em face de este problema há uma analise global da crise ambiental sob a ótica de três temas: Superpopulação, os recursos e os resíduos, unificando como limites físicos externos.
A crise ambiental surge como resultado de sua organização econômica e social, surgindo inicialmente como um conflito no interior de uma sociedade humana.
Os problemas ambientais podem estar relacionados a diversos fatores, mas podemos deparar com temas variados, mas sintetizando os problemas se referem a impactos humanos externos ao processo de produção no sentido estrito.
O relacionamento se dá pela mediação do trabalho, inter-relacionando uma atividade física e meio ambiente externo. As relações sociais de produção com o mesmo conteúdo técnico, mas que toma diferentes formas sociais, mas decisivas no material em que vai usar (recursos naturais), no ritmo em quer se vai usar e do relacionamento com o meio ambiente.
Os problemas ambientais não são discutidos a partir da forma social e sim do conteúdo material em sua finalização, ou seja, quando o caldo entornou, ai não tem mais jeito.
Numa primeira visão sobre os problemas ambientais, o processo de produção não é discutido e a economia resolverá as questões ambientais.
A sociedade e as formas de organização, vem modificando, alterando o meio, coisa que outras formas de convívio não o faziam, a hipótese do mito do eterno retorno e reflexões sobre naturezas anteriores à civilização moderna e o respeito com a natureza, colocando a prática devida na exploração da terra para garantir sua reprodução.
Na tradição ocidental, o pensamento clássico grego mostra uma ruptura com a natureza, a ideologia da dominação e exploração reproduzida em classes escravistas se estende a natureza. O judaísmo e o cristianismo sistematizaram as idéias clássicas de domínio do homem sobre a natureza, tal como foi exposto no Gênese da Bíblia.
O ser humano aparece como intermediário entre Deus e o restante do mundo natural, para ordená-lo e domina-lo. Esta forma de apresentação dos problemas afeta a sociedade como um todo em seu conjunto, o que ocorre com o ser humano não acontece com outros seres vivos.
A revolução industrial permitiu a expansão completa do mundo, a pilhagem foi espetacular, destruindo os povos pré-capitalistas, dizimando milhares de animais, extinções de espécies, epidemias acabaram com culturas e etnias diversas.
Essa diferente apropriação cria classes e grupos sociais tão distintos em seu relacionamento com o meio ambiente, seja ele no âmbito de responsabilidade como em transformações, trazendo benefícios ou prejuízos.
Assim o ser humano como espécie estabelece regras de comportamento com o seu entorno, como o próprio autor destaca chamando de derivadas e subordinadas, condutas e contradições sem limites com uma ótica nos chamados problemas “técnicos”.

Capítulo 6 - A ECONÔMIA DIANTE DA CRISE AMBIENTAL

Para se pensar numa sociedade estruturada baseada no plano econômico capitalista, é preciso pensar no longo processo histórico que é implicado no mundo ocidental.
No final do século XIX, o capitalismo é o que melhor se encaixa na produção espontânea de mercadorias, ficando evidente que é difícil um País com ambiente equilibrado, porém sem exportações competitivas conseguir sustentar sua moeda.
Torna-se notório que o modelo aplicado no mercado fracassou na consolidação de uma sociedade sustentável, o autor coloca uma série de dificuldades para pontuarmos como teóricas e técnicas nas externalidades na determinação de preços, ou na ética para determinar um valor de custo para gerações futuras.
Numa sociedade capitalista esta garantida que cada individuo faça dos recursos naturais e seus detritos o que bem entende, abandonando involuntariamente a organização e o destino global da produção de mercado.

Capítulo 7 - AS RELAÇÕES CAPITALISTAS PARA O COMPORTAMENTO HUMANO EM FACE DE SEU AMBIENTE

A chamada forma de produção capitalista gera atores sociais com comportamento exclusivos de consumo, num ritmo nunca antes imaginável na humanidade.
A tendência de produção ilimitada acaba gerando poluição e depredação em larga escala criando queixas nos movimentos ambientais. Outro fato que o autor ressalta é o da geração de população excedente e sua forma com a organização econômica, salientando que nunca na história da humanidade gerou tanta população excedente como algo natural.
As diferenças das classes acabam restringindo os direitos dos menos abastados financeiramente na sociedade, como exemplo, Guillermo Foladori coloca um exemplo:
É como se um grupo de pássaros se encarregasse de cortar as asas dos passarinhos de outros grupos de sua espécie mesma ao nascer, para deixá-los impossibilitados de ter acesso aos meios de vida.

Notas Sobre o Autor.

Guillermo Ricardo Foladori, Uruguaio de nascimento é antropólogo, graduado pela Escuela Nacional de Antropologia e História do México, com curso de Especialização em Meio Ambiente e Desenvolvimento pelo Pnud-OEA, mestrado em Antropologia Social e Doutorado em Economia Universidad Autônoma de México.
Desde 1996 é professor visitante da Universidade Federal do Paraná.

Bibliografia

Foladori, R.G. Limites do Desenvolvimento Sustentável – Editora Unicamp.
Filiada a Imprensa Oficial de São Paulo. 2001.

Friday, August 25, 2006

Sobre o Aquífero "Guarani"

O que é mentira e verdade sobre o Aquifero Guarani ?

O Sistema Aqüífero Guarani tem cerca de 1,2 milhão de km2 e abrange territórios do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.Ao contrário da versão popular, ele não é um "mar de água doce", sendo composto por uma sucessão de camadas aqüíferas.Estudos recentes têm demonstrado que, devido à evolução geológica, além de descontínuo ele apresenta uma hidroestratigrafia complexa.O Rio Grande do Sul é um exemplo de como essas camadas aqüíferas foram compartimentadas, estando o sistema dividido em pelo menos quatro grandes blocos.Esses quatro compartimentos apresentam diferenças marcantes quanto ao conjunto de aqüíferos e sua qualidade, o que se reflete na potencialidade do sistema aqüífero.Apesar dessas constatações, o Sistema Aqüífero Guarani, por suas dimensões continentais, é um recurso hídrico de extraordinária importância para os quatro países do Mercosul.

O autor
José Luiz Flores Machado é geólogo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), diplomado em hidrogeologia pela Universidad de Madrid (UCM). Seu doutorado em geologia sedimentar pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) foi sobre geologia e estruturação do Sistema Aqüífero Guarani no Rio Grande do Sul. Desde 1976 é geólogo da CPRM/Serviço Geológico do Brasil, e atualmente coordena e executa estudos hidrogeológicos.

Onde Está a Água Potável?
Além da compartimentação espacial singular, a complexidade da constituição das camadas aqüíferas e a notável variação de potencialidade, também é necessária uma definição quanto à qualidade das águas do grande "mar de água doce".No compartimento Oeste, a presença das unidades hidroestratigráficas Botucatu, Guará e Pirambóia em condições estruturais favoráveis proporciona uma recarga rápida a partir das chuvas. As águas nas áreas aflorantes são bicarbonatadas cálcicas e/ou cálcico-magnesianas à medida que vão fluindo no subsolo. Possuem pH neutro a ácido, com baixos teores de sais dissolvidos. Nos locais onde as camadas aqüíferas estão em maior profundidade, confinadas por rochas vulcânicas, as águas são bicarbonatadas sódicas, com pH alcalino e teores de sais mais elevados. Em geral, as águas são de boa qualidade e potáveis.No compartimento Central-Missões, com a presença de unidades hidroestratigráficas triássicas, mesmo nas áreas de afloramento a qualidade das águas apresenta grandes variações. As águas das camadas mais arenosas podem ser bicarbonatadas alcalinas mesmo a pequena distância das áreas de recarga. A evolução geoquímica (acúmulo de sais no subsolo) é rápida e os teores de cloretos e salinidade total logo ultrapassam os limites de potabilidade. O aparecimento de teores excessivos de fluoretos também é um dos maiores problemas com relação à qualidade dessas águas. No compartimento Leste, geralmente os poços possuem pouca profundidade e estão em áreas de afloramento ou próximo dessas. A região caracteriza-se pela presença de águas de qualidade boa a excelente, com pH ácido a levemente alcalino, e salinidades dentro dos padrões de potabilidade.No compartimento Norte-Alto Uruguai, o Sistema Aqüífero Guarani encontra-se totalmente coberto pelas rochas vulcânicas da unidade hidroestratigráfica Serra Geral. Devido ao posicionamento estrutural do aqüífero, os poços são de grande profundidade (350 a 1.200 metros). Como conseqüência, suas águas possuem idades muito antigas e não são potáveis em grande parte da área. Além do aumento de salinidade (cloretos e sulfatos), os teores de fluoretos são excessivos e os teores de sódio podem causar alcalinização do solo. Novos estudos deverão esclarecer definitivamente a influência que os aqüíferos superiores têm sobre a qualidade das águas do Sistema Aqüífero Guarani. Entretanto, é importante destacar que é nesse compartimento que ocorrem as mais importantes manifestações de termalismo, com águas quentes sendo originadas nas grandes profundidades das camadas aqüíferas. Essa característica confere ao Sistema Aqüífero Guarani enorme importância econômica, pois suas águas possuem altas temperaturas, compatíveis para o uso em estâncias turísticas termais e em outras atividades industriais.

Para conhecer mais
Site do Projeto Sistema Aqüífero Guarani: http://www.sg-guarani.org/Estratigrafia do Permo-Triássico do Rio Grande do Sul: estilos deposicionais versus espaço de acomodação. U. F. Faccini. Tese de doutoramento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2000.Compartimentação espacial e arcabouço hidroestratigráfico do Sistema Aqüífero Guarani no Rio Grande do Sul. J. L. F. Machado. Tese de doutoramento. Programa de Pós-Graduação em Geologia Sedimentar, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, 237 págs., 2005.Aqüífero Guarani. A verdadeira integração dos países do Mercosul. E. F. Rosa Filho, N. R. B. Borghetti e J. R. Borghetti. Fundação Roberto Marinho/Itaipu Binacional, 2005.Análise estratigráfica e litofaciológica da Formação Botucatu (Eocretáceo da bacia do Paraná) no Rio Grande do Sul. C. M. S. Scherer. Tese de doutoramento, Curso de Pós-Graduação em Geociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 230 págs., 1998.

Thursday, August 24, 2006

Conceito de Biodiversidade

Conceito de Biodiversidade

O termo “biodiversidade”, cunhado a partir da expressão diversidade biológica, transcendeu seu significado original. No inicio da década de 80, “diversidade biológica” era sinônimo de riqueza de espécies; em 82 ganhou o sentido de diversidade genética e riqueza de espécies, e em 86 expandiu-se, contemplando a diversidade ecológica.

A diversidade genética é a variabilidade presente no conjunto de indivíduos da mesma espécie.

A diversidade de espécies é responsável pela manutenção de uma série de serviços que a natureza nos presta. É também, um componente fundamental na manutenção dos ecossistemas e dos ambientes naturais.

A diversidade ecológica refere-se aos ecossistemas, ambientes e paisagens diferentes, presentes na terra. Cada ambiente abriga uma enorme diversidade de seres, de micro paisagens, derivadas das condições específicas de cada local.

Segundo o texto da Convenção sobre Diversidade Biológica, assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, o termo diversidade biológica significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda à diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. Possui, além de seu valor intrínseco, valor ecológico, genético, social, econômico, científico, educacional, recreativo e estético.

A biodiversidade é uma das propriedades fundamentais da natureza. Responsável pelo equilíbrio e estabilidade dos ecossistemas, é fonte de imenso potencial de uso econômico. As funções ecológicas desempenhadas pela biodiversidade são ainda pouco compreendidas; considera-se que elas sejam responsáveis por processos naturais e produtos fornecidos pelos ecossistemas, e por espécies que sustentam outras formas de vida, modificando a biosfera, tornando-a apropriada e segura para a vida.

Isto, limitando-nos à biodiversidade, no sentido mais literal. Porque a sociodiversidade, sua riqueza e relações com o ambiente, é questão que também pertence ao tema, e que abordaremos de forma mais superficial.

Cada ser humano é um produto único e insubstituível da natureza.”
Armam Hesse

A diversidade biológica é a variedade e a variabilidade de organismos vivos e de sistemas ecológicos nos quais eles vivem, sendo produto da evolução.”
W.G.Sombroek

Tuesday, August 22, 2006

Representação Social e Meio Ambiente

Representação social e meio ambiente

Segundo o Professor Marcos Reigota (1995) o estudo das representações sociais remonta ao século passado, tendo como precursor o sociólogo francês Èmile Durkheim.
Em O Suicídio, Durkheim propõe-se a analisar a influência das religiões sobre o suicídio. Graças ao exame de dados estatísticos que se referem principalmente à taxa de suicídio de diferentes populações européias de religião protestante ou católica, chega à conclusão de que, quanto mais fraca é a coesão religiosa, mais forte é a tendência para o suicídio. Durkheim analisa ainda as representações sociais como emanadas da consciência coletiva, não tendo por isso, sigificancia nas atitudes do indivíduo.
O indivíduo pensa, age, se relaciona, através de uma consciência coletiva que emana da sociedade como um todo, o autor chega mesmo a separar o campo do que é social e do que é psicológico, deixando para a esta última à análise das representações individuais.
Segundo Reigota, este seria o marco inicial do que hoje se denomina, em psicologia social, de "teoria das representações sociais", pois, é a partir dos estudos de Durkheim que Serge Moscovici vai, em 1961, desenvolver o conceito de representação social, ou seja, a partir desse autor, as representações sociais passam a ter maior importância analítica do que possuía até então.
No contexto das propostas de Moscovici na década de 70, vários outros autores passam a se interessar pelo tema das representações sociais surgindo, então, uma série se estudos sobre a temática, como por exemplo, Jodelet, que foi orientanda do próprio Moscovici, Angela Arruda, Marcos Reigota, entre outros.
Na década seguinte o conceito se solidifica passando a constituir-se em referência obrigatória para estudos sobre temas contemporâneos, inclusive sobre Meio Ambiente, destacando-se aqui os autores Marcos Reigota e Angela Arruda, para citar apenas nomes nacionais.
Como ecologia, meio ambiente e desenvolvimento, a partir das conferências de cúpula e dos movimentos ambientalistas, desde a década de 70 até hoje, tornaram-se conceitos amplamente divulgados, utilizados e discutidos, o estudo das representações sociais sobre estes temas têm-se verificado de ampla e profícua produção.
Reigota (1995) que afirma que, por ser difuso e muito variado, meio ambiente e, principalmente, Educação Ambiental, deve ser considerada como "representação social".
Neste sentido, Sorrentino (1998) divide em quatro grandes correntes as atividades em educação ambiental, sendo elas: a "conservacionista"; "educação ao ar livre", "gestão ambiental" e "economia ecológica". Segundo este autor, a divisão (ou classificação) dessa forma se dá devido aos objetivos educacionais de cada enfoque.
Segundo Sorrentino, a primeira estaria mais presente nos países do primeiro mundo e caracteriza-se pela preocupação de muitos ecologistas com os problemas ambientais e as reflexões sobre as causas e conseqüências da degradação ambiental e para o engajamento em movimentos de "gestão ambiental". Este tipo de enfoque chega ao Brasil a partir da atuação de entidades conservacionistas. A preocupação destes se dá também pelas discussões em torno dos impactos sobre a natureza causados pelos modelos de desenvolvimento. A Segunda corrente mencionada por Sorrentino diz respeito aos adeptos do naturalismo, caracterizados pelas caminhadas ao ar livre, esportes radicais, espeleologia, ecoturismo, montanhismo e escotismo. Este enfoque trata a natureza como "santuário" dissociando os problemas ambientais dos problemas sociais, econômicos e políticos. A terceira corrente citada possui as raízes mais antigas na América Latina, segundo o autor, em virtude das disputas democráticas e da história de resistência aos regimes autoritários. A discussão do enfoque da "gestão ambiental" se dá no embate contra a poluição e todos os problemas resultantes da forma predatória de exploração do ambiente e do ser humano. Este tipo de enfoque também sugere a participação comunitária na administração dos espaços públicos e na escolha das formas de utilização futura dos recursos.
Finalmente, a quarta corrente assinalada por Sorrentino, diz respeito ao enfoque da "economia ecológica". Esta se desenvolve no eixo das discussões iniciadas por Ignacy Sachs sobre "ecodesenvolvimento" e "O Negócio é Ser Pequeno" de Schumacher, na década de 70 ganhando novo impulso na década seguinte a partir das publicações de organismos internacionais tais como "Nosso Futuro Comum" e "Nossa Própria Agenda". Segundo Sorrentino é nesta corrente "ambientalista" que se encontram as duas vertentes que "darão a tônica do movimento ambientalista neste final de século e, consequentemente, das educações ambientais a elas associadas: 'desenvolvimento sustentável' e 'sociedades sustentáveis'. A primeira, aglutinando empresários, governantes e uma parcela das organizações não governamentais, e a segunda aglutinando aqueles que sempre estiveram na oposição ao atual modelo de desenvolvimento e que acreditam que a primeira corrente é só uma nova roupagem para a manutenção do 'status quo'."(Sorrentino, 1998:29)
É ainda nesta segunda vertente, diz o autor, que se encontram as características que definem as identidades das entidades e organizações a ela associadas, ou seja:
"O propósito convergente de construírem uma sociedade mais justa, igualitária e ecologicamente equilibrada; compartilhar da premissa de que o respeito à natureza é inalcançável num quadro de desrespeito e aviltamento do ser humano que a integra e, convicção comum de que, para se chegar a essa sociedade justa e ecológica é necessário mudar o sujeito do desenvolvimento brasileiro, colocando-se o povo com autor e gestor do seu próprio projeto de modernidade."(idem. P, 29)
Por outro lado, os estudos sobre representação social do meio ambiente têm seguido a linha da psicologia social definido-se, em muitos deles, três possíveis formas de ver e representar o meio ambiente. Segundo Marcos Reigota (1995) três diferentes tipos de representação social do meio ambiente são identificados entre professores de escolas públicas de São Paulo: a naturalista, a globalizante e a antropocêntrica
Se na primeira os aspectos enfatizados são os da natureza, misturando-se conceitos ecológicos de habitat e ecossistemas, na segunda observa-se as relações de reciprocidade entre a sociedade e a natureza. Na terceira e última, a relação está na utilização (ou utilidade) dos recursos naturais para a sobrevivência do homem/mulher.
Embora seja a forma "globalizante" a que inclui o homem como parte do meio ambiente, esta não privilegia a associação entre os aspectos "naturais" e "sociais" da relação.
O autor conclui que o meio ambiente é compreendido de diferentes formas entre professores e, ainda, é dependente da especialização e origem geográfica destes. Comparando-se este trabalho com o de Sorrentino, podemos relacionar as três formas de representar o meio ambiente destacadas pelo primeiro com as quatro correntes ambientalista dadas pelo segundo, sendo que assimilamos as duas primeiras (conservacionista e educação ao ar livre) numa mesma e única corrente, que se relaciona com a representação dada por Reigota como naturalizante, i.é., que considera a natureza como algo intocável e que deve ser preservado da ação destruidora do homem, com algumas variações.
Noutro estudo, realizado por Angela Arruda (1993) na França com alunos de ecologia, agronomia e ciências humanas, o foco era levantar as representações sobre a questão ambiental relacionada com o desenvolvimento. A tese da autora era de que, dependendo da origem geográfica de cada aluno, a forma de representar o meio ambiente diferenciar-se-ia. Os alunos de ecologia, curso oferecido pela UNESCO, e os de ciências humanas, eram originários da mesma região geográfica (África, Sudeste Asiático e América Latina) e os de agronomia eram franceses. O interesse de Arruda era o de verificar a influência exercida pela origem geográfica, cultural e da formação profissional sobre as representações que faziam sobre o meio ambiente nestes estudantes.
Os resultados demonstraram que os três grupos possuíam preocupações comuns, relacionadas com o consumo, poluição, questões energéticas e às atividades humanas prejudiciais ao ambiente, como por exemplo, o uso inadequado da terra, desmatamento, destruição de espécies e guerras. Mesmo com a igualdade das preocupações havia alguma distinção, pois estas diferenciavam-se na distribuição das respostas e não estavam relacionadas com a origem geocultural dos respondentes, mas sim, com relação à sua formação profissional ou universitária.
Segundo o estudo de Arruda, os estudantes de ciências humanas possuíam concepção mais aproximada com a da comunidade em geral, por outro lado, os estudantes de agronomia, viam a ecologia como ciência independente e os alunos de ecologia, enfatizavam seu caráter interdisciplinar. A autora identificou ainda que em nenhuma das respostas, de qualquer dos grupos, inclui-se o homem como parte da natureza.
Outros trabalhos foram realizados e estão sendo realizados sobre o tema. Destaco, Silveira (1997) com crianças de 11 a 13 anos de idade em escolas públicas de Campinas, interior paulista e Serrão, (1998) sobre a relação sociedade e natureza, na UFRJ.
Algumas outras pesquisas em andamento puderam ser mapeadas, no entanto, foge-nos ao propósito, no momento, um maior aprofundamento sobre a questão nessa parte deste projeto.
No entanto, podemos observar que, no que tange à teoria das representações sociais, e sobre meio ambiente, parafraseando Reigota
“muitas são as representações sobre meio ambiente e por tal, o conceito de meio ambiente torna-se difuso e variado, como também o conceito de educação ambiental, o que faz com que as práticas pedagógicas dos professores envolvidos com a questão são, muitas vezes, influenciadas pelas suas representações, concepções, sobre meio ambiente.”

Saturday, August 12, 2006

A Educação Ambiental e sua Formação.

Educação Ambiental
A educação ambiental, enquanto processo participativo, é identificada como o instrumento de revisão dos conceitos sobre o mundo e a vida em sociedade, conduzindo o ser humano e a coletividade na construção de novos valores sociais, na aquisição de conhecimentos, atitudes, competências e habilidades para a conquista e a manutenção do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. (MMA, 1999)
A Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, é considerada o marco inicial das discussões sobre educação ambiental a nível mundial. Nessa conferência foi concebido o Plano de Ação Mundial, e, em particular, recomendou-se que deveria ser estabelecido um programa internacional de educação ambiental.
*A recomendação nº. 96 da conferência reconhecia o desenvolvimento da educação ambiental como elemento crítico para o combate à crise ambiental do mundo.
Em Tbilisi (URSS), foi realizada em 1977, a Primeira Conferência em Educação Ambiental, organizada pela UNESCO, em colaboração com o PNUMA, e que ficou conhecida como o ponto culminante da primeira fase do Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA), iniciado em 1975, pela UNESCO/PNUMA (Belgrado, 1975), com atividade celebradas na África, Estados Unidos, Ásia, Europa e América Latina, contribuindo para precisar a natureza da educação ambiental, definindo seus objetivos e características, assim como as estratégias pertinentes nos planos nacional e internacional.
Em 1987, 300 especialistas de 100 países e observadores da IUCN, reuniram-se em Moscou, CEI, para o Congresso Internacional em Educação e Formação Ambiental, promovido pela UNESCO/UNEP/ IEEP, objetivando-se a discussão das dificuldades encontradas e as ações empreendidas pelas nações no campo da educação ambiental, e a identificação das necessidades e prioridades em relação ao seu desenvolvimento. Chegando-se à concordância de que a educação deveria, simultaneamente, preocupar-se com a promoção da conscientização, transmissão de informações, desenvolvimentos de hábitos e habilidades, promoção de valores, estabelecimentos de critérios e padrões e orientações para a resolução de problemas e tomada de decisões. Diante desta avaliação e perspectiva, foram estabelecidas estratégias para ações no campo da educação ambiental e formação ambiental em nível mundial.
Outro pronto pertinente na história da Educação Ambiental, foi à declaração Mundial Sobre Educação Para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem, aprovada na Conferência Mundial sobre Educação Para Todos, realizada em Jontiem, Tailândia, de 5 a 9 de março de 1990. A Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, celebrada no Rio de Janeiro em junho de 1992, outro marco da história ambientalista mundial, lançou os desafios fundamentais para as políticas dos governos e nações para o próximo milênio. Emana ainda, da Conferência do Rio, como ficou conhecida, a Carta Brasileira para a Educação Ambiental para Sociedade Sustentáveis e Responsabilidade Global, de caráter não oficial, celebrado por diversas Organizações da Sociedade Civil, que reconhece a educação ambiental como um processo dinâmico em permanente construção. Segundo este documento a educação ambiental deve portanto propiciar reflexão, o debate e a sua própria modificação. Reconhece ainda que a educação ambiental para uma sustentabilidade eqüitativa é um processo de aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de vida.
É a partir da ação de diversos organismos, governamentais e não-governamentais, que a discussão sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento passa a ser considerada de forma conjunta. Neste sentido, parece ser consenso que a importância da educação para a implementação de novas estratégias de desenvolvimento e de projetos ambientais é fundamental. Surge daí a concepção de uma educação dita "ambiental". No dizer de Viezzer(1994):
"Educação ambiental, como a percebemos hoje, vem da emergência de uma percepção renovada de mundo, conhecida como holística: uma forma íntegra de ler a realidade e atuar sobre ela"
No entanto, mesmo considerando ser a educação ambiental de extrema importância para o equilíbrio desejado na sociedade contemporânea, resta-nos uma questão crucial para a implementação da "utopia possível" desta equidade social: o apoio e a compreensão pela grande maioria da população mundial. Ou seja, medidas governamentais ou de ONG's terão pouco impacto se não forem acompanhadas do apoio popular. Tal compreensão e apoio demandam conhecimento, ou ainda, são dependentes de processos educacionais em que façam parte a informação, discussão, e o debate das questões que afetam o ecossistema do planeta.
Se considerarmos a complexidade dos problemas e a abrangência destes, fica-nos a pergunta: Educação Ambiental deve ser uma disciplina isolada, ou deve ser um projeto de educação compreendendo diversas áreas do conhecimento? Disto decorre, ainda, outra questão subliminar, qual seja: qual a representação de ambiente que faz os professores envolvidos nestas práticas pedagógicas e de pesquisa?

(Bibliografia: Dias.G.F. Educação Ambiental - Princípio e Práticas, Sobre E.A.)

Friday, August 11, 2006

Quanto temos de àgua no mundo?

Há escassez de àgua potável na Terra, aonde 1,3 de pessoas não tem acesso à água potável.
A ausência de àgua potável causa mais mortes de infância do que qualquer outra doença.
Da água existente na Terra, 97% é de água salgada e 3% é de água doce e destes 3%, 76% estão sob forma de gelo nas calotas polares. A minúscula parcela existente ainda sofre todo o tipo de agressão, deixando claro a crise de percepção por parte da humanidade.
Com certeza a educação ambiental vem de encontro com as necessidades para combater o desperdicio deste bem tão precioso.
A racionalização do uso da àgua e a proteção de seus mananciais estão e pauta em diversas Ong's espalhadas pelo mundo. Hoje cerca de 27 Países estão em conflito, por causa da água.
Conhece-se o quanto uma comunidade é educada pela forma como ela cuida de sua água.
(Fonte: Dias F.G. Educação Ambiental - Princípios e Práticas pg-528)

O que é Agenda-21?


Após fazer um breve relato sobre a Rio 92, a reflexão da carta do chefe indigena Seattle
e algumas considerações sobre Desenvolvimento Sustentável, gostaria de ponderar sobre a Agenda21.
E o que é a Agenda21?
Na verdade ela nada mais é do que um plano de ação para o século XXI, visando à sustentábilidade da vida na Terra.
É uma estratégia de sobrevivência e nos seus 40 (quarenta) capítulos, trata de questões como:
- Dimensões Econômicas e Sociais.
- Conservação e Manejo de Recursos Naturais.
- Fortalecimento da Comunidade.
- Meios de implementação.
A Agenda 21 estima que, para reparar os danos causados ao ambiente pelas diversas atividades humanas, serão necessários mais de 600 bilhões de dólares.
Reunidos em julho de 1997, na conferência da Rio + 5, os resultados não foram animadores.
Nem sequer um décimo dos recursos prometidos foi realmente destinado.
(Nenhum lucro obtido pela destruição do ambiente é suficiente para cobrir os custos da sua recuperação)

Wednesday, August 09, 2006

O que foi a Rio 92 ?

- Gostaria de tecer alguns elementos para discussões.
- Para iniciar gostaria de comentar a respeito da conferência sobre o meio ambiente e desenvolvimento promovida pela ONU aonde a Unesco, reuniu, no Rio de Janeiro, de 03 a 14 de Junho de 1992, os representantes de mais de 170 Países.
- O objetivo desta reunião foi examinar a situação ambiental do mundo e as mudanças ocorridas depois da conferência de Estocolmo, em 1972.
Com intuito de identificar e propor estratégias regionais e globais apropriadas referentes as questões ambientais.
- Recomendar ações e medidas através de politicas de desenvolvimentos sustentáveis, promovendo assim o aperfeiçoamento da legislação ambiental, bem como a erradicação da pobreza nos países em desenvolvimentos, entre outros.
- A reunião teve como resultado a sua atenção voltada do mundo para as questões ambientais, sendo elaborada a *Agenda 21, um plano de ação para o século XXI. Resultou também na articulação de importantes acordos, tratados em convenções sobre o meio ambiente e deixou clara para a sociedade humana a necessidade de adotar um novo estilo de vida.
* Agenda 21 - Plano de ação para o século XXI, visando a sustentábilidade da vida na Terra .

A CARTA DO CHEFE INDIGENA SEATTLE ( 1854)

Resposta do cacique Seattle ao governo dos Estados Unidos que tentava comprar as suas terras (1854).

O ar é precioso para o homem vermelho pois todas coisas as compartilham o mesmo sopro: o animal, a àrvore, o homem todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. (...)
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. (....)
O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espirito. Pois o que ocorre com os animais breve acontrece com o homem.

Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma familia. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a Terra recaira sobre os filhos da Terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo pra amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos.
De uma coisa estamos certos,(e o homem branco vai descobrir um dia); nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa Terra; mais não é possível. Ele é o Deus do homem, e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho a terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu criador. Os brancos também passarão talvez mais cedo do que todas as tribos . Contaminem as suas camas e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente , iluminado pela própria força do Deus que os trouxe para esta Terra. Esse destino ainda é um mistério para nós pois não compreendemos que todos os bufálos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa inpregnados dos cheiros de muitos homens, e a visão dos morros obstruidas pelos fios que falam. Onde está o árvoredo? Desapareceu. Onde esta a àgua? Desapareceu. É o final da vida e o inicio da sobrevivência.
Como é que pode comprar ou vender o céu, o calor da Terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuimos o frescor do ar e o brilho da água, como é possivel compra-los?
Cada pedaço desta Terra é sagrada para meu povo, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo a seiva que escorre do corpo da árvore carrega consigo a lembrança do homem vermelho....
Essa água brilhante nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados.
Se lhes vendermos a Terra, vocês devem lembrar que elas são sagradas, o murmurios das águas é a voz de nossos ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossas sedes. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossas Terras devem ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicaram a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de Terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mais quando ele a conquista, prossegue em seu caminho, deixando para trás o túmulo de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da Terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa.....
Seu apetite devorará a Terra, deixando somente um deserto. Nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere o olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda. Não há um lugar quieto na cidade do homem branco onde se possa ouvir um desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. O ruido pareçe apenas insultar os ouvidos.
O indio prefere o suave murmúrio do verão encrespando a face do lago e o prórpio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

(Dias. F. Genebaldo - Educação Ambiental - Principio e Práticas pg 516)

O que é Desenvolvimento Sustentável.


O conceito de Desenvolvimento Sustentável é a chave na luta pela preservação do meio ambiente, pois associa desenvolvimento econômico e social com preservação ambiental.
Diz-se também sustentábilidade ampliada quando se considera indissociáveis os diversos aspectos do desenvolvimento ecológico, social, cultural e politico-institucional.
Ao reconheçer a necessidade de enfrentar a degradação ambiental de modo associado à superação da pobreza, o conceito de sustentábilidade ampliada promove o encontro politico entre a agenda estritamente ambiental e a agenda social.
Não é facil compreender o conceito de sustentábilidade ampliada em toda sua dimensão e traduzi-la para o dia-a-dia. As condições de sustentábilidade ampliada dependem do desenvolvimento de inúmeras dimensões da dinâmica ambiental e das relações que o homem estabelece com o seu ambiente, ou seja, a sustentábilidade só se define históricamente, de acordo com as condições ambientais verificadas e com valores e as ideologias dos atores sociais envolvidos. Uma sociedade sustentável tem modos de produção e padrões de consumo sustentáveis, ou seja, que atendem as necessidades básicas de todos os cidadãos e não provocam desequilibrios socioanbientais, como degradação e contaminação ambiental, desperdício, pobreza e injustiça social.
(Desenvolvimento sustentável e Agenda21 - Guia prático para sociedade civil)