Wednesday, August 09, 2006

A CARTA DO CHEFE INDIGENA SEATTLE ( 1854)

Resposta do cacique Seattle ao governo dos Estados Unidos que tentava comprar as suas terras (1854).

O ar é precioso para o homem vermelho pois todas coisas as compartilham o mesmo sopro: o animal, a àrvore, o homem todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. (...)
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. (....)
O que é o homem sem os animais? Se os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espirito. Pois o que ocorre com os animais breve acontrece com o homem.

Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a Terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem; o homem pertence à Terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma familia. Há uma ligação em tudo.
O que ocorre com a Terra recaira sobre os filhos da Terra. O homem não teceu o tecido da vida: ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido fará a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo pra amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos.
De uma coisa estamos certos,(e o homem branco vai descobrir um dia); nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar que o possuem, como desejam possuir nossa Terra; mais não é possível. Ele é o Deus do homem, e sua compaixão é igual para o homem branco e para o homem vermelho a terra lhe é preciosa e feri-la é desprezar o seu criador. Os brancos também passarão talvez mais cedo do que todas as tribos . Contaminem as suas camas e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente , iluminado pela própria força do Deus que os trouxe para esta Terra. Esse destino ainda é um mistério para nós pois não compreendemos que todos os bufálos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa inpregnados dos cheiros de muitos homens, e a visão dos morros obstruidas pelos fios que falam. Onde está o árvoredo? Desapareceu. Onde esta a àgua? Desapareceu. É o final da vida e o inicio da sobrevivência.
Como é que pode comprar ou vender o céu, o calor da Terra? Essa idéia nos parece um pouco estranha. Se não possuimos o frescor do ar e o brilho da água, como é possivel compra-los?
Cada pedaço desta Terra é sagrada para meu povo, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo a seiva que escorre do corpo da árvore carrega consigo a lembrança do homem vermelho....
Essa água brilhante nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados.
Se lhes vendermos a Terra, vocês devem lembrar que elas são sagradas, o murmurios das águas é a voz de nossos ancestrais. Os rios são nossos irmãos, saciam nossas sedes. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossas Terras devem ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicaram a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de Terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem a noite e extrai aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mais quando ele a conquista, prossegue em seu caminho, deixando para trás o túmulo de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da Terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa.....
Seu apetite devorará a Terra, deixando somente um deserto. Nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere o olhos do homem vermelho. Talvez porque o homem vermelho seja um selvagem e não compreenda. Não há um lugar quieto na cidade do homem branco onde se possa ouvir um desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. O ruido pareçe apenas insultar os ouvidos.
O indio prefere o suave murmúrio do verão encrespando a face do lago e o prórpio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

(Dias. F. Genebaldo - Educação Ambiental - Principio e Práticas pg 516)

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